quinta-feira, 4 de maio de 2023

Que tipo de mãe se vacina e deixa a própria filha sofrer risco de morte numa pandemia que chegou a matar mais de 4.000 pessoas por dia?!

A afirmação de Michelle Bolsonaro de que somente ela foi vacinada contra a Covid-19, deixando de lado a vacinação de sua própria filha, é extremamente perturbadora. Além de demonstrar desprezo pela ciência e pela saúde pública, ela agiu contra o princípio do melhor interesse do menor, conforme previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

 

O princípio do melhor interesse do menor é um dos fundamentos da doutrina da Proteção Integral, que reconhece que as crianças e os adolescentes são sujeitos de direitos e que seu bem-estar, desenvolvimento e dignidade devem ser preservados ao máximo, conforme estabelecido na Constituição Federal (art. 227), no ECA (art. 3º) e nos tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário, como a Convenção sobre os Direitos da Criança.

 

De acordo com o princípio do melhor interesse do menor, todas as decisões que afetam crianças e adolescentes devem priorizar os interesses superiores desses indivíduos, ou seja, o que é mais adequado para garantir sua proteção, saúde, educação, convivência saudável, participação social e exercício pleno da cidadania.

 

Esse princípio orienta tanto os órgãos públicos quanto os pais ou responsáveis pelas crianças e adolescentes, e deve guiar todos aqueles que têm o dever de zelar pelo bem-estar dos menores de 18 anos durante seu processo de desenvolvimento.

 

Ao se vacinar e deixar sua própria filha menor de idade sem a devida e necessária imunização, Michelle Bolsonaro agiu contra o melhor interesse da menor.

 

Ela expôs sua filha a um risco desnecessário e evitável de contrair uma doença grave e potencialmente fatal, que já vitimou milhões de pessoas ao redor do mundo, incluindo centenas de milhares no Brasil. Além disso, sua conduta omissiva e infame contribuiu para a propagação do vírus e para a prolongação da pandemia, colocando em risco direto os direitos das outras crianças e adolescentes à convivência social saudável.

 

A atitude da ex-primeira-dama é ainda mais grave por se tratar de uma pessoa pública que deveria dar o exemplo positivo. Contudo, ela preferiu reforçar o discurso negacionista e antivacina de seu marido, que, desde o início da pandemia, tem atuado como um agente propagador do vírus, contribuindo para a maior crise sanitária da História recente do Brasil.

 

Obviamente, cabe ao Ministério Público e ao Conselho Tutelar fiscalizarem o cumprimento do ECA e tomarem as medidas necessárias para garantir o direito à vacinação da menor Laura Bolsonaro. A sociedade civil também tem a obrigação de cobrar das autoridades competentes uma postura coerente e comprometida com a defesa da vida e dos direitos das crianças e dos adolescentes.

 

Encerro com a mesma pergunta retórica do título: que tipo de mãe se vacina e deixa o próprio filho correr risco de morte em uma pandemia que chegou a matar mais de 4.000 pessoas por dia?